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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mulheres devem ter em conta que tabagismo e gravidez não combinam

O tabagismo pode trazer sérios prejuízos tanto para a mãe quanto para o bebê. Gestantes que fumam, aliás, podem não apenas ter problemas de saúde no período, como também levar as conseqüências deste vício para toda a vida dela e a do filho. Com acompanhamento no pré-natal e a ajuda de uma equipe médica multidisciplinar, é possível largar o vício e ter um vida mais saudável em família.

Que o tabagismo faz mal à saúde, é fato comprovado por inúmeras pesquisas e até está estampado nas embalagens produzidas pelos próprios fabricantes. Estudos científicos já constataram que os fumantes estão mais expostos a doenças do coração, problemas respiratórios, tromboses (entupimento das veias), cânceres e outras doenças graves. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que, infelizmente, há cerca de 1 bilhão de fumantes em todo o mundo. Estatísticas americanas mostram, por exemplo, que 22% das mulheres do país, em idade reprodutiva, fumam. No Brasil, 17,1 milhões de mulheres fumam, número considerado alto para os padrões internacionais.

E quando a fumante é uma gestante os problemas são ainda mais graves. Um único cigarro contém mais de 4700 substâncias tóxicas, como nicotina e dióxido e monóxido de carbono. Como não há níveis seguros de consumo destes agentes químicos, ao acender um único cigarro uma gestante pode estar prejudicando bastante a si mesma e a seu bebê, já que as substâncias tóxicas percorrem o corpo da mãe e chegam até o filho por intermédio da placenta.

É no primeiro trimestre da gestação que são formados o sistema nervoso e praticamente todos os órgãos do bebê. E o ato de fumar pode comprometer este processo, levando a abortos. Estima-se que o risco de perder o feto nesta primeira fase da gravidez seja três vezes maior em mulheres que fumam pelo menos 10 cigarros ao dia. Além disso, como o cigarro prejudica a circulação sanguínea, a gestante fumante pode ter a chamada gravidez ectópica, com o óvulo fecundado se prendendo fora do útero, o que também pode levar a aborto.

Já no segundo e no terceiro trimestres, a gestante fumante pode ter uma diminuição no líquido amniótico, descolamento e baixa na placenta, o que leva ao risco de um parto prematuro. Entre mulheres que não fumam, o risco de ter um bebê prematuro é de 4%. Entre as fumantes, esse risco é de 10%. Como ainda não estão prontos para nascer, os bebês prematuros podem ter vários problemas de saúde, como baixo peso, icterícia e infecções.

Por todos esses motivos, é muito importante que a gestante deixe o cigarro de lado. De todos os fatores de risco de uma gravidez, o fumo é um dos que se consegue modificar com maior facilidade, pois, uma vez deixado o vício de lado, os benefícios são enormes. Mas a grávida pode ter dificuldade para largar o tabagismo, pois muitas fumam justamente para conter a ansiedade do período. Por isso, é fundamental fazer um bom pré-natal - e as fumantes precisam contar com o auxílio não apenas de um obstetra, como também de um psicólogo e de um pneumologista. Há casos em que a mulher consegue abandonar o tabagismo só com terapia. Em outros, no entanto, são necessários medicamentos tanto para controlar o vício quanto a ansiedade proveniente da abstinência.

Além disso, grávidas saudáveis não devem conviver com pessoas que fumam, pois os prejuízos do fumo passivo são os mesmos. Nestes casos, é preciso trabalhar com a família e/ou com o parceiro para conscientizar a todos sobre os perigos do tabagismo. Em ambos os casos, com força de vontade e auxílio médico e psicológico, é possível deixar o vício de lado e viver uma vida bem mais saudável.

Autora: Bárbara Murayama (CRM 112527), médica obstetra e ginecologista na capital paulista, é especialista em Histeroscopia e titulada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. É também diretora da clínica Gergin. Site: www.gergin.com.br e blog: barbaramuryama.blogspot.com

Fonte: caras.com.br

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