
Estamos vivendo uma crise de integridade na igreja. Há um
abismo entre o que pregamos e o que vivemos; entre o que falamos e o que
praticamos. A igreja tem discurso, mas não tem vida; tem carisma, mas não tem caráter;
tem influência política, mas não poder espiritual. Há uma esquizofrenia
instalada em nosso meio. Tornamo-nos uma igreja ambígua e contraditória, em que
o discurso mascara a vida, e a vida reprova o discurso.
Estamos vendo o florescimento de uma igreja narcisista, com
síndrome de Laodiceia, pois se julga rica e abastada, mas está pobre, cega e
nua. Uma igreja que aplaude e dá nota máxima a si mesma quando se olha no
espelho, mas que não passa no crivo da integridade nem pode ser aprovada ao ser
submetida ao teste da sã doutrina.
Estamos vendo o crescimento de urna igreja ufanista e
triunfalista, que se encanta com seu próprio crescimento numérico ao mesmo
tempo em que se apequena na vida espiritual. Uma igreja que explode
numericamente, mas se atrofia espiritualmente. Urna igreja que tem cinco mil
quilômetros de extensão, mas apenas cinco centímetros de profundidade. Urna igreja
que se vangloria de produzir dezenas de bíblias de estudo, mas produz urna geração
analfabeta em Bíblia.
Estamos vendo crescer em nossa nação uma igreja sem doutrina
e sem ética. Urna igreja que rifa a verdade por dinheiro, que joga a ética para
debaixo do tapete e, mesmo assim, vocifera palavras de ordem chamando as
pessoas ao arrependimento. No passado a igreja tinha autoridade para chamar o
mundo ao arrependimento. Hoje é o mundo que ordena que a igreja se arrependa.
Derrubamos os muros que nos separam do mundo. Queremos ser iguais ao mundo, no
tolo discurso de atraí-lo. Perdemos nossa identidade e nossa integridade. Nossa
luz apagou-se debaixo do alqueire. Tornamo-nos sal sem sabor, que não presta
para mais nada, senão para ser pisado pelos homens.
Estamos vendo crescer urna igreja mercado que escancara suas
portas e usa a religião corno fonte de lucro. Urna igreja que constrói novos
templos como se abre franquias, não com o propósito de pregar a verdade, mas de
granjear riquezas. Temos visto os templos se transformando em praças de
negócio, os púlpitos em balcões de comércio, o evangelho em produto lucrativo e
os crentes em consumidores vorazes. Temos visto igrejas se transformando em
lucrativas empresas e pregadores inescrupulosos criando mecanismos heterodoxos
para granjear fortunas em nome de Deus.
Estamos vendo crescer em nossa pátria uma igreja sincrética,
mística que prega um outro evangelho, um evangelho diferente que, de fato, não
é evangelho. Uma igreja que prega o que povo quer ouvir e não o que o povo
precisa ouvir. Uma igreja que prega prosperidade, mas não salvação; que prega
milagres, mas não cruz, uma igreja
centrada no homem, e não em Deus.
Estamos vendo crescer uma igreja amante dos holofotes,
embriagada pelo sucesso, sedenta de aplausos, em que seus pregadores e cantores
são tratados como astros de cinema. Estamos trocando nosso direito de
primogenitura por um prato de lentilhas das glórias humanas, rendendo-nos à
tietagem e ao culto à personalidade, colocando homens em um pedestal,
afrontando, assim, nosso único e bendito Senhor, que não divide sua glória com
ninguém.
Estamos vivendo uma homérica crise de liderança. Uma das classes mais desacreditadas da nação são os
pastores. Há pastores não convertidos no ministério. Há uma legião de ministros
não vocacionados no ministério. Há muitos que entram para o ministério por
causa do seu bônus, mas não aceitam seu ônus; querem os louvores do ministério,
mas não suas cicatrizes. Há aqueles que fazem do ministério um refúgio para
esconder sua preguiça e seu comodismo. Há pastores que deveriam cuidar de si
mesmos antes de cuidar do rebanho de Deus. Há pastores confusos
doutrinariamente no ministério, indivíduos que não sabem para onde caminham,
por isso, são influenciados por todo vento de doutrina, deixando seu rebanho à
mercê dos lobos travestidos de ovelhas. Há pastores que estão em pecado no
ministério e já perderam a sensibilidade espiritual, pois condenam nos outros
os mesmos pecados que praticam em secreto.
Estamos vivendo uma crise de valores na igreja. Abandonamos
a simplicidade do evangelho. Substituímos a sã doutrina pelas novidades do
mercado da fé. Trocamos a verdade pelo sucesso. Substituímos a pregação pelo espetáculo.
Colocamos no lugar da oração, em que nos quebrantávamos e chorávamos pelos
nossos pecados, os grandes ajuntamentos, em que saltitamos ao som estrondoso e
ensurdecedor dos nossos instrumentos eletrônicos.
Precisamos desesperadamente voltar ao primeiro amor.
Precisamos urgentemente de uma nova reforma na igreja. Precisamos de um
reavivamento que nos traga de volta o frescor da vida abundante em Cristo
Jesus. Precisamos desesperadamente do revestimento e do poder do Espírito
Santo. Precisamos de uma igreja fiel que prefira a morte à apostasia. Uma
igreja santa que prefira o martírio ao pecado. Uma igreja que ame a Palavra
mais do que o lucro. Uma igreja que chore pelos seus pecados e pelas almas que
perecem, e não pelas dificuldades da vida presente. Precisamos de uma igreja
que tenha visão missionária e compaixão pelos que sofrem. Uma igreja que tenha
ortodoxia e piedade, doutrina e vida, discurso e prática. Uma igreja que pregue
aos ouvidos e aos olhos.
Este livro faz uma radiografia da igreja. Ele olha para o
passado com o propósito de lançar luz no presente e apontar rumos para o
futuro. O Senhor Jesus terminou cada carta enviada às igrejas da Ásia da mesma
maneira:
"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas".
Meu ardente desejo, meu clamor diante dos céus, é que seu coração seja
inflamado com essas mensagens, que você seja um graveto seco a pegar fogo e que
comece a partir de você e de mim, um grande reavivamento espiritual em nossa
nação!
Extraido do prefácio do livro:
"Ouça o que o Espírito diz as Igrejas".
Autor: Hernandes Dias Lopes
Muito bom comentário.
ResponderExcluirNós louvamos a Deus pois a sua profecia se cumpre. Tudo isso está nas 7 cartas às do apocalipse. Se me permite, só discordo num ponto: Teologia ou alfabetização bíblica(a busca da salvação pelo conhecimento humano) não salva ninguém. Veja os homens que Deus usou: boiadeiro, pescador e o que mais foi usado com sabedoria entrou na idolatria. Se o Espírito Santo não revelar Jesus(Salvação) ao homem, o próprio homem(seus livros, discursos bonitos, dogmas humanos) não nos levarão a lugar nenhum, não que buscar conhecimento seja errado, mas que o conhecimento de homem pra homem não o levará ao conhecimento de Jesus glorificado.
Sds!